O interesse pela condução e o gosto pelas quatro rodas, até há pouco tempo, era uma coisa só para eles. Mas a verdade é que a presença do género feminino no setor automóvel é cada vez mais significativa, apesar da realidade ainda não ser igualitária.
Segundo dados da edição de 2023 do “The Global Gender Gap Report”, publicado anualmente pelo Fórum Económico Mundial, são precisos 131 anos para que homens e mulheres tenham, globalmente, condições iguais. O relatório pesa as disparidades através da avaliação de diversos fatores, tais como a participação económica e oportunidades, tendo em conta as diferenças salariais, entre outros indicadores. Segundo a análise, Portugal está na 32ª posição do ranking global da igualdade de género, tendo descido três posições face ao ano passado.
A realidade portuguesa, segundo a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), no ano de 2022, colocava os homens com uma diferença 8,3% em relação às mulheres, no que respeita à taxa de emprego. Para além disso, a CIG relembra que, no âmbito da Estratégia Europa 2020, foi fixada a meta de 75% para a taxa de emprego da população em idade ativa. No entanto, em Portugal essa meta, para além de já ter sido atingida pelos homens em 2017, a taxa de emprego das mulheres situava-se em 74.8%, isto é, abaixo da meta fixada.
O cenário europeu não difere muito. Num relatório publicado em 2023 sobre a igualdade de género na União Europeia, concluiu que os desafios continuam persistentes na participação das mulheres no mercado de trabalho.
O setor automóvel também é para elas
Sabe-se que para a conquista da igualdade de género ainda tem de se percorrer uma longa caminhada. No entanto, a exemplo das pegadas que já foram deixadas pelas mulheres na sua conquista, revela-se o setor automóvel. Segundo dados da Comissão Europeia, em 2019, as mulheres representavam 16% da força de trabalho automóvel, sendo que, em 2021, esse valor já tinha aumentado para 20%. Hoje as mulheres são ativamente encorajadas a seguir carreiras no setor automóvel em todas as áreas, incluindo design, engenharia, marketing e gestão, estando também presentes no mundo de transportes e camionagem.
A condução de camiões, uma área ainda muito associada ao mundo masculino, tem registado uma evolução significativa da presença feminina. De acordo com os números da Women In Trucking, uma associação norte-americana, verificou que desde 2010, o emprego de mulheres no setor da camionagem cresceu 88%. Segundo a mesma fonte, verifica-se que 40% dos cargos de liderança na área da indústria de camionagem nos EUA são ocupados por mulheres, assim como cerca de 35% das funções de chefia sénior.
Força de trabalho e segurança no feminino
Apenas 3% das pessoas que conduzem veículos pesados são mulheres em contexto europeu, segundo as estatísticas da União Internacional dos Transportes Rodoviários (IRU). Esta fraca percentagem pode significar que talvez seja o género feminino a solução para a crise de recrutamento que é sentida no setor.
No ano anterior, ficaram 600 mil vagas de motorista de camião na Europa por preencher, e a estimativa é que a escassez atinja quase dois milhões até 2026. O envelhecimento da mão-de-obra e a baixa atratividade da profissão, são fatores que justificam o problema de recrutamento, defendendo-se que a presença de mais mulheres para a função pode solucionar o problema.
Como se fossem necessárias justificações na contratação de mais mulheres como motoristas, a segurança destaca-se como um fator gritante. Vários estudos e análises demonstram que, ao longo dos anos, as mulheres conduzem de forma mais segura e estão menos envolvidas em acidentes, nomeadamente relacionados com o consumo de álcool. Segundo com um relatório do Vias, antigo Instituto Belga par a Segurança Rodoviária, publicado em 2019, o género feminino representava cerca de um terço dos feridos em acidentes graves, em comparação com os 66% protagonizados por homens. No que concerne aos acidentes mortais, as mulheres contam com 23% das vítimas fatais em sinistros automóveis, enquanto os homens representam 77% das mortes.
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Fontes: Observador
Equipa Pisca News