Eu quero ter um GTI. Cantaram os Clã nos anos 90.
Mas nos anos 80 essa já era a moda no que toca a carros. Estávamos na época áurea dos carros turbo, 16V, twin cams. Na verdade, quanto mais tivesse um carro escrito na serie ou na carroçaria mais era desejado.
Pois é! Nos anos 80, a moda de colocar autocolantes nos carros era grande. De tal forma grande, que até os construtores foram na conversa.
Valia tudo, desde autocolantes de marcas conhecidas até partidos políticos. Cada português que colocava um autocolante no carro encarnava, quem sabe, o espirito de um piloto de rali. Quantos mais autocolantes o carro tivesse mais parecido ficaria com um carro de rali.
Mas a realidade era bem mais negra que isso. Depois de colocado o autocolante só saía com uma elevada quantidade de água e paciência, para não danificar a pintura. E aquele impulso que o dono tivera em colar aquele maldito autocolante ficava-lhe irremediavelmente marcado na sua consciência.
Também os construtores foram na “onda” dos autocolantes, e alguns até aprimoraram um pouco mais com placas em relevo. Quanto mais aprimorada fosse a referência ao desempenho do veículo ou motor, mais interessados teria. E maior legião de fãs alcançaria.
Começamos por um clássico, que ainda hoje se mostra capaz de fazer virar a cabeça ao maior dos fãs dos motores atmosféricos.
Renault 5 GT Turbo
Alcançou destaque nas pistas de rali, nas suas inconfundíveis cores amarelas, preta e branca.
Com um eixo traseiro generoso, era na época de 80 uma antítese aos Audi Quattro que dominavam as corridas. Pequeno e ágil aquele era o sonho de muito adolescente. Surgiu no mercado com um gigante autocolante lateral que “gritava” GT turbo. E deixava louco quem o via passar. Mais ainda que o conduzia.
Fiat Uno Turbo i.e.
Depois quem não se lembra do fantástico Fiat Uno Turbo i.e.?
Um simples Uno com motor Turbo e injeção eletrónica. Hoje em dia é algo que damos por adquirido num carro, mas antigamente não existiam cá facilidades eletrónicas.
Num carro havia o rádio e pouco mais, tudo o resto era basicamente mecânica. Existiam carros em que o rádio sem chave não funcionava, a corrente estava cortada.
Mas, voltado ao Uno, para os demais apreciadores, lembra-se certamente que a Fiat fez uma pintura com uma banda negra lateral com a referência ao modelo Uno Turbo i.e. Pois, um gigantesco autocolante que ia da cava traseira à cava dianteira.
Mas porquê, perguntam vocês?
Era para dar a sensação de prolongamento dos para-choques. Este citadino rapidamente ficou conhecido pelas piores razões. Os travões mostravam-se ineficazes para o motor do carro. Acelerava bem, travar é que era mais difícil.
Marcas Japonesas
As marcas japonesas ainda eram mais detalhadas pois faziam questão de colocar toda a informação possível.
Os famosos Twin Cams; Intercooler Turbo; AWD; DOHC 2.0. Acreditem ou não, este era um modelo japonês que continha toda esta informação na lateral do carro. Muitas vezes também na traseira. Podemos acusar os japoneses de muita coisa, mas nunca de esconderam a informação.
Os Nissan e Toyotas eram, numa época em que as marcas coreanas ainda por cá não andavam, as máquinas diabólicas do oriente. Celica Turbo Gt4, ou Nissan Sunny 2.0 GTI-R eram dois dos representantes nipónicos mais reconhecidos.
Portugal sempre foi um país onde o rali era muito apreciado, desta forma as marcas com sucesso nesta modalidade, eram automaticamente adotadas pelos portugueses.
Mas, de uma forma ou de outra, quase todas as marcas tinha um turbo. Fosse ele um desportivo ou um familiar. O importante era fazer referência a isso na carroçaria do carro. Letras grandes e bem visíveis para que quem visse o carro na estrada, sentisse aquela pontinha de inveja por não ter um turbo. De referir que nos anos 80, quem não tinha carro era porque não podia mesmo! Naquele tempo não havia as facilidades que existem hoje em dia, era quase tão difícil comprar carro como comprar casa.
Mas a verdade é que para apreciadores de carros, foram anos de um estranho prazer. Os carros não tinham as comodidades que têm hoje, mas mesmo assim o sonho de qualquer jovem adolescente era poder colocar as mãos num daqueles turbos e sair por essas estradas a conduzir.
Ah! Convém dizer que naqueles anos a gasolina era acessível e que carros a gasóleo, só táxis ou carros de trabalho. O resto era tudo a gasolina.
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Redação de texto por Alexandre Correia
Edição de texto por Mariana Marques